Os filisteus são alguns dos povos mais mencionados na Bíblia e inimigos frequentes do povo de Israel.
Conheça mais sobre a origem e a história deste povo.
O nome “filisteus” vem do hebraico Filistia e Filisteu (do hebr. פְּלְשְׁתִּים; romaniz.: plishtim) . A palavra grega Palaistinei deu origem ao nome moderno Palestina, a região que fazia uma fronteira acidentada com Israel e Judá, no Antigo Testamento.
Nos textos acadianos a região é referida como Palastu, Pilistu ou Pilista. Os filisteus são mencionados proeminentemente nos documentos do Novo Reino Egípcio (1200 a 1100 a.C.) como um elemento dos nefandos “povos do mar” que tentaram sem sucesso invadir o Egito, através do mar Mediterrâneo e da Líbia, durante os reinados de Ramsés III e seus sucessores imediatos. Esses textos chamam os filisteus de Peleset, um nome bem próximo da pronúncia hebraica.
O termo “povos do mar” descreve adequadamente os filisteus e seus aliados, pois tanto o Antigo Testamento como os documentos extrabíblicos estabelecem sua origem nas ilhas e regiões costeiras próximas da Grécia e Creta. Gênesis 10.14 faz um elo entre os filisteus e os caftorins, e quase todos os especialistas identificam Caftor como Creta. A mesma identificação é feita em antigos textos acadianos que descrevem pessoas de Creta como kaptaru. Deuteronômio sugere que os caftorins estabeleceram-se na costa do mar Mediterrâneo, em Gaza e arredores, onde subjugaram a população nativa dos aveus (Dt 2.23). Esta, é claro, é a própria área constantemente associada com as cidades dos filisteus no Antigo Testamento. A ligação fica completa com a observação de Jeremias de que os filisteus eram o remanescente da ilha de Caftor (Jr 47.4). Amós acrescenta a informação de que o Senhor trouxera os filisteus para a Palestina de Caftor, tão certo como conduzira os filhos de Israel do Egito a Canaã (Am 9.7).
A maioria dos historiadores data a chegada dos filisteus ao leste do Mediterrâneo em torno de 1200 a.C., uma conclusão que suscita várias dificuldades à luz das referências a eles no Antigo Testamento, em épocas muito anteriores. A evidência mais notável é o contato que Abraão e Isaque tiveram com os filisteus antes de 2000 a.C. (Gn 21.32, 34; 26.1, 8).
Aparecem novamente no relato do Êxodo, quando Deus levou os israelitas para longe da rota costeira, até Canaã, porque era “o caminho da terra dos filisteus” (Êx 13.17). Se aceitamos a data tradicional para o Êxodo, ou seja 1440 a.C., nesta narrativa os filisteus precederam a ocupação de Canaã pelos “povos do mar” em mais de dois séculos.
Talvez os filisteus tenham chegado a Canaã em grande número em 1200 a.C. ou posteriormente. O próprio Antigo Testamento testifica sobre isso, pois foi somente nos dias de Samuel e Sansão (1120 a.C.) que ficaram suficientemente numerosos para causar algum tipo de problema para Israel (1 Sm 4 a 6; Jz 10.7,8; 13 a 16). Isso, entretanto, não elimina a possibilidade da existência de filisteus anterior a essa data, exatamente de acordo com as passagens de Gênesis e Êxodo e com a referência em Deuteronômio da substituição dos aveus pelos caftorins, um evento passado sobre o qual Moisés teve notícia (Dt 2.23). As abundantes referências aos caftorins (kaptara ou algo assim) em textos anteriores a 2000 a.C. são suficientes para permitir a possibilidade de sua existência na região costeira de Canaã, nos tempos anteriores ao Êxodo.
Qualquer que seja sua origem exata e seu estabelecimento cronológico, por volta do século XII a.C., os filisteus estavam solidamente estabelecidos na costa mais baixa do Mediterrâneo, concentrados em cinco cidades: Gaza, Ascalom, Asdode, Gate e Ecrom. É costume geral referir-se à sua estrutura política como uma pentápolis (“cinco cidades”), cada uma governada não por um rei, mas por um oficial denominado em hebraico de seren, palavra que talvez signifique “senhor” (Js 13.3; Jz 3.3; 16.5,8,18,23,27; etc.). Sua tradução na Septuaginta como “tirano” apóia a origem dos filisteus do mar Egeu. A pentápolis demonstrava ser uma coalizão de cidades com direitos iguais, as quais exerciam uma certa autonomia (o rei Aquis tratou independentemente com Davi: 1 Sm 27.5-7), mas que, diante de uma emergência nacional, trabalhavam em conjunto e submetiam-se às decisões da maioria (a dispensa de Davi da batalha contra Saul: 1 Sm 29).
Escavações arqueológicas recentes revelam que os filisteus introduziram e experimentaram um elevado nível de cultura e tecnologia. Desenhos bem conservados encontrados em Medinet Habu, no Egito, mostram suas roupas, seus armamentos e artefatos de túmulos; outros sítios arqueológicos em Canaã incluem impressionantes amostras de potes de barro, adagas, selos e sofisticados desenhos de arquitetura. Um dos maiores progressos dos filisteus foi a utilização do ferro, uma inovação bem avançada em relação ao seu uso em Israel. Na época do rei Saul (1050 a 1010 a.C.), se um israelita quisesse afiar ou consertar um equipamento feito de ferro, procurava um filisteu, o qual tinha o monopólio das habilidades necessárias para tal função (1 Sm 13.19-21).
O Antigo Testamento, contudo, não enfatiza as realizações culturais dos filisteus; pelo contrário, focaliza o impacto negativo que tinham sobre Israel. Extremamente belicosos, provaram ser inimigos implacáveis dos israelitas até o início da monarquia, pois conquistaram repetidamente os territórios pertencentes a Israel, até que Samuel (1 Sm 7.12-14) e Davi (2 Sm 5.22-25) deram um paradeiro em suas incursões. Suas práticas religiosas, entretanto, eram ainda mais nocivas; tinham como figura principal uma divindade meio peixe e meio homem, chamada Dagom (1 Sm 5.1-5). Esse deus (cf. Dagan e Mari cananeu) e a existência de outros, tais como Baal-Zebube (2 Rs 1.2) e Astarote/Astarte (1 Sm 31.8-13), ambos semitícos, mostram claramente que os filisteus tinham assimilado o culto nativo e original dos cananeus.
Teologicamente, os filisteus tipificam as influências perigosas e mortais às quais Israel precisava resistir como povo escolhido do Senhor. A referência freqüente a eles como “incircuncisos” (Jz 15.18; 1 Sm 14.6; 17.26; 31.4; 2 Sm 1.20) deixa claro que não pertenciam ao povo da aliança; portanto, eram estritamente evitados como um mal que podia contaminar.
FONTE
Quem é Quem na Bíblia Sagrada: A História de Todas as Personagens da Bíblia. Paul Gardner
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