Os fariseus foram uma seita muito influente no tempo de Jesus.
Eles foram a principal influência religiosa da época. Conheça qual foi o papel que eles desempenharam na morte de Jesus e nas revoluções de seu tempo.
Os fariseus foram uma das três seitas judaicas descritas por Flavio Josefo, historiador judeu do século I (as outras duas são os saduceus e os essênios). Provavelmente não mais do que 5 a 10% de todos os judeus pertenciam a esse grupo, o qual era uma mistura de partido político e facção religiosa.
É provável que o título “Fariseu” signifique “separatista” e fosse aplicado a um movimento que cresceu no tempo dos Macabeus, composto de líderes religiosos e estudantes da Lei que tentavam criar uma “cerca” em torno da Torá — um bem elaborado sistema de legislação oral e de interpretações que capacitaria os judeus fiéis a obedecer e aplicar os mandamentos de Deus em todas as áreas da vida.
A origem
Originalmente os fariseus foram reformadores piedosos, eram bem respeitados pelos judeus comuns, menos piedosos, apesar de às vezes os fariseus os criticarem por não serem suficientemente escrupulosos em guardar a Lei. Diferentemente dos saduceus, eles observavam Roma como um governo ilegítimo e opressor que impedia Israel de receber as bênçãos divinamente ordenadas de paz e liberdade na Terra. De maneira alguma eram todos hipócritas, como os cristãos geralmente supõem erroneamente.
A tradição talmúdica descrevia sete categorias de fariseus, relacionadas de acordo com a motivação para o comportamento, e somente um grupo dos sete tinha fama de agir sem escrúpulo.
Os fariseus na visão da Marcos
No evangelho de Marcos, alguns fariseus perguntaram a Jesus por que Ele comia com cobradores de impostos e pecadores (Mc 2.16). Alegaram que jejuavam e os discípulos de Cristo não faziam isso (2.18), acusaram Jesus de não respeitar o sábado (2.24), começaram a tramar a morte dele (3.6), questionaram por que Ele não seguia as tradições do ritual da purificação (7.1,3,5) e exigiram um sinal sobrenatural que autenticasse seu ministério (8.11).
No livro de Marcos os ensinos dos fariseus foram comparados a uma força maligna e insidiosa (8.15); prepararam uma armadilha para Jesus, quando pediram sua opinião sobre o divórcio (10.2) e os impostos (12.13).
Os fariseus na visão de Mateus
Mateus repete todas essas referências, mas reforça a animosidade, pois acrescenta vários outros eventos e mantém sua posição de antagonismo para com os líderes judaicos. Os fariseus que estavam presentes questionaram o ministério e o batismo de João Batista (Mt 3.7). Jesus declarou que a justiça de seus discípulos precisava exceder a dos fariseus (5.20). Eles o acusaram de que só expulsava os espíritos imundos pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios (9.34; 12.24) e identificaram-se com os lavradores ímpios da parábola (21.45). Um deles, doutor da lei, questionou Jesus sobre qual era o maior mandamento (22.34,35). Cristo os acusou de toda sorte de hipocrisia, em seu mais longo discurso de acusação nos evangelhos (Mt 23), e eles solicitaram a Pilatos que lhes desse autorização para colocar guardas no túmulo de Jesus (27.52).
Os fariseus na visão de Lucas
Lucas difere de Mateus e Marcos em várias passagens. Algumas de suas referências aos fariseus são também negativas. Contrapuseram-se à afirmação de Jesus de ter poder para perdoar pecados (Lc 5.21); “rejeitaram o conselho de Deus” (7.30), murmuraram por causa da associação de Cristo com os impenitentes (15.2), rejeitaram o ensino de Jesus sobre a mordomia porque “eram avarentos” (16.14) e disseram a Cristo que repreendesse seus seguidores, quando o aclamaram rei (19.39). A parábola de Jesus sobre o fariseu e o publicano chocou a audiência, porque o popular líder judeu não foi justificado e sim o notório empregado do governo imperialista romano (18.1014).
Por outro lado, Lucas foi o único evangelista que incluiu numerosos textos que retratam os fariseus de forma mais positiva, muitas vezes no contexto da comunhão com Jesus. Simão convidou Cristo para jantar em sua casa, mas foi Jesus quem usou a ocasião para criticar sua hospitalidade (7.36-50). Lucas 11.37-53 e 14.1-24 descrevem duas festas semelhantes nas quais os fariseus agiram em favor de Cristo, o qual os criticou por algum aspecto comportamental. Em Lucas 13.31 advertiram Jesus contra a fúria do rei Herodes e pareceram genuinamente preocupados com seu bem-estar. Em Lucas 17.20,21, os fariseus perguntaram sobre o advento do reino de Deus e criaram uma oportunidade para que Jesus declarasse que o reino já estava entre eles, em sua própria pessoa e ministério.
Os fariseus na visão de João
João assemelha-se mais a Mateus, pois retrata os fariseus como extremamente hostis a Jesus. Ele enviaram os guardas do Templo numa tentativa fracassada de prendê-lo (Jo 7.32-46). Alegaram que o testemunho de Cristo não tinha validade, pois falava a seu próprio favor (8.13). Investigaram a cura de um cego, rejeitando as declarações dele sobre Jesus e revelando no processo a sua própria cegueira espiritual (9.13-41). Formaram um concílio no qual decidiram prender Cristo e tentar matá-lo em segredo (11.4557); lamentaram o fato de “todo o mundo” ir após Jesus, quando o Filho de Deus entrou triunfalmente em Jerusalém (12.19) e fizeram parte do grupo que foi ao Jardim Getsêmani para prendê-lo (18.3). O medo em relação aos fariseus impediu alguns judeus que creram em Jesus de confessar isso publicamente (12.42).
Por outro lado, pelo menos um dos mais proeminentes deles apareceu sob uma perspectiva mais positiva — Nicodemos (3.1), que, apesar de inicialmente não entender a afirmação de Cristo sobre o novo nascimento (vv. 3,4), tempos depois levantou-se em defesa de Jesus (7.50,51) e ajudou José de Arimatéia a sepultar Cristo (19.39). Há também outros textos mais brandos que envolvem os fariseus, como a discussão sobre a identidade do Batista (1.24) e o registro de que Jesus batizava mais pessoas do que João (4.1).
Fonte
Quem é Quem na Bíblia Sagrada: A História de Todas as Personagens da Bíblia. Paul Gardner