Ser um pastor é uma grande honra a serviço do reino de Deus.
Se você quer dedicar sua vida ao ministério, veja neste artigo o que a Bíblia diz sobre isso.
De acordo com o Apóstolo Paulo “se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.” 1 Timóteo 3:1. Com certeza o ministério pastoral é uma grande honra. Esta é uma das funções mais nobres a serviço do reino de Deus. Se você deseja dedicar sua vida ao ministério é preciso conhecer quais são os ensinamentos bíblicos sobre o que significa ser pastor. Veja neste artigo o que a Bíblia apresenta sobre esta função.
O que é ser um pastor?
Comecemos por este conceito. Mais do que um cargo de liderança, esta é uma função de serviço. Além de liderar a igreja nos caminhos do Senhor, o pastor deve servir à sua comunidade através da pregação do evangelho. Paulo, nas cartas a Timóteo, deixa bem claro que a atuação como ministro depende de preparo e dedicação:
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
2 Timóteo 2:15
De fato, a função de pregador do Evangelho demanda dedicação total. É um dever sagrado. Você assume responsabilidades diante do próprio Deus. Como disse Paulo a Timóteo:
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.
2 Timóteo 4:1,2
Além do dever de pregar, há outras tarefas que nem sempre são tão agradáveis. Além de ajudar os fracos na fé, corrigir, repreender e exortar podem ser as atividades mais exaustivas no dia a dia de um pastor. Muitas vezes, no cumprimento destes deveres, um pastor pode vir a ser difamado ou malvisto por muitos membros de sua congregação. Ainda assim, aqueles que se dedicam ao ministério pastoral devem cumprir todas estas atribuições fielmente:
Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.
2 Timóteo 4:5
O que define o ministério pastoral?
Assim como as demais áreas da vida de um cristão, a única regra de fé e prática que devemos seguir é a Bíblia. Cultura, economia, sociedade, interesses pessoais, tudo deve estar submetido aos ensinamentos bíblicos. Mesmo que isso vá contra nossa vontade.
É claro que para uma devida interpretação bíblica precisamos analisá-la da maneira correta. Devemos levar em consideração seu contexto histórico e textual. Além disso é preciso considerar a percepção bíblica sobre o assunto como um todo, e não apenas o conceitos retirados de versículos isolados.
Qual o equivalente bíblico para o pastorado atual?
Temos o costume de procurar conceitos bíblicos já estabelecidos para organizar nossas práticas na igreja. Principalmente quando estas ideias já contam com ampla aceitação no meio cristão. Quando se trata do ministério pastoral, é preciso analisar estes pontos um pouco mais a fundo. Iremos abordar quatro conceitos que geralmente são relacionados ao ministério de um pastor: Sacerdotes, Profetas, Presbíteros, Diáconos. Veja abaixo.
Sacerdotes na Bíblia
A função de sacerdote é apresentada pela primeira na Bíblia no livro de Gênesis. Melquisedeque aparece como “sacerdote do Deus altíssimo” (Gn. 14:18). No Antigo Testamento não encontramos mais informações sobre ele. Já no Novo Testamento, Melquisedeque é mencionado mais vezes no livro de Hebreus: Hb. 5:6, 10; 6:20; 7:1, 10, 15, 17.
Em Êxodo encontramos mais informações sobre a função dos sacerdotes no povo de Israel. O sacerdócio e o levirato eram desempenhadas por homens com vínculo sanguíneo com o filho de Jacó chamado Levi (Num. 3:5-8). No caso dos sacerdotes era necessário que fossem filhos e descendentes de Arão (Êx. 28:1, Num. 3:10). Em Números 3:10 temos a indicação clara de que o sacerdócio era um ofício exclusivamente vinculado a um ramo familiar: “e o estranho que se aproximar morrerá”. A partir destes conceitos já podemos desconsiderar o sacerdócio como um padrão ou indicativo de funcionamento para o pastorado atual.
Além disso, o ministério sacerdotal era uma representação da intercessão que seria realizada por Jesus (Hb. 4:14-16). Mesmo não sendo da tribo de Levi e descendente de Arão, foi profetizado que em Jesus haveria a união do ministério sacerdotal e da liderança monárquica (Zacarias 6:12-13). Como o ministério do sumo sacerdote apontava para o serviço que Cristo desempenharia, agora realizado por Ele mesmo (Hb. 8:1-2; 9:11-12, 23-24), temos mais um ponto que indica que o pastorado não possui ligação com o sacerdócio bíblico.
Profetas na Bíblia
Já que a função do sacerdote era interceder (Povo -> Deus), a função do profeta era apresentar às pessoas a vontade divina (Deus ->Povo). A palavra em hebraico utilizada para profeta é nabi (נָבִ֖יא), que significa porta-voz, orador e, propriamente, profeta. Apresentar a vontade divina para as pessoas é uma tarefa que pode ser desempenhada por qualquer um de nós. Porém há um fator de diferenciação determinante entre pregadores e profetas: a inspiração divina.
sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.
2 Pedro 1:20,21
Os versículos acima mostram que a profecia verdadeira, assim como o profeta verdadeiro, vem a partir da atuação do Espírito Santo. Para transmitir sua vontade ao povo, Deus utilizou ao longo da história dezenas de homens e mulheres. Apesar dos versículos acima se referirem aos homens que escreveram os livros bíblicos, várias mulheres, como Débora e Hulda, receberam o dom profético.
É importante ressaltar que os pastores atuais possuem a missão de apresentar o evangelho, a vontade divina, aos homens. É uma tarefa similar à de profeta, mas não a de profeta em si.
Presbíteros na Bíblia
A palavra grega para presbítero (ἐπίσκοπον) é usada no NT para definir indivíduos específicos que ocupavam posições de liderança nas igrejas locais. De tais indivíduos era esperada a manutenção de padrões pessoais elevados e a posse dos dons espirituais requeridos para a tarefa (lTm3.1-7; Tt 1.5-9). O termo presbítero é usado nas Escrituras em referência a membros do Sinédrio judaico, selecionados dentre os anciãos respeitados da comunidade judaica, e a um tipo de sinédrio ou concílio celeste, assim como aos primeiros líderes na igreja (veja Mt 16.21; Mc 8.31; Ap 4.4,10; 5.5,6,8,11,14; 7.11,13; 19.4). Não há menção de idade como um pré-requisito para o serviço como presbítero na Igreja Primitiva.
Muitos acreditam que os termos bispo ou supervisor (ἐπίσκοπον) e ancião ou presbítero (πρεσβυτερίου) são usados de forma permutável no NT. (lTm 3.1-9; 4.14; 5.17-22; Tt 1.5-9. Note especialmente o uso permutável dos termos em Tt 1.5,7). Aqueles que sustentam esta idéia argumentam que o termo bispo ou supervisor refere-se às atividades daqueles que servem como presbíteros, enquanto que o termo presbítero refere-se ao ofício. Os termos bispo e pastor são citados como sendo também sinônimos. Pastores são mencionados dentre os dons de ministério de Cristo para a igreja (Ef 4.11), mas nenhuma menção é feita a pastores na descrição feita por Paulo (ICo 12). Entretanto, nesta última passagem é feita menção aos dons de govemo e ensino. Presbíteros não são mencionados especificamente em nenhuma das listas, nem o termo bispo é citado nas duas passagens. Ainda assim, o termo guia ou pastor é incluído na lista de Efésios.
As funções dos presbíteros incluíam os seguintes assuntos: supervisão da distribuição de bens materiais (At 11.30); govemo ou administração de assuntos das igrejas (lTm 5.17); ensino (3.2); pregação da Palavra (2Tm 4.1,2); e o cuidado em geral pela igreja de Deus (At
20.17-35; lTm 3.5).
Presbíteros que executavam bem seu serviço deviam ser honrados adequadamente e aparentemente tinham o direito a uma remuneração de acordo com suas tarefas (lTm 5.17,18). O presbítero deve ser homem de uma só mulher (Tito 1:6), o que indica, além de uma vida monogâmica, que estes líderem deveriam ser homens. Os presbíteros estavam sujeitos à disciplina da igreja local, quando necessário (5.19,20), e deviam ser escolhidos com muito cuidado (5.22; Tt 1.5-9). Em alguns casos muitos presbíteros estavam presentes nas igrejas locais (At 20.17). É amplamente aceito, nos dias de hoje, que na Igreja Primitiva os termos pastores e bispos eram sinônimos e eram incluídos no grupo referido como presbíteros.
Não existe evidência, na Igreja Primitiva, para a função de indivíduos em uma capacidade oficial como bispo, com jurisdição sobre igrejas particulares. João, o apóstolo, entretanto, parecia possuir uma intimidade ministerial e um relacionamento quase paternal com as igrejas mencionadas em Apocalipse (Apl .4ss.). Da mesma forma. Paulo parecia usufruir um relacionamento íntimo com as igrejas que estabeleceu (veja Gálatas e 1 e 2 Coríntios).
Diáconos na Bíblia
O termo grego para diácono (διακόνοις) descreve um indivíduo que ministra ou que age como um servo. A primeira menção da nomeação de indivíduos para servirem como assistentes na administração dos bens comunitários está registrada em Atos 6. Nenhuma menção é feita, nesta ocasião, ao termo diácono, embora o ministério dos sete homens indicados pela Igreja Primitiva nesta oportunidade seja em geral citado como a primeira função dos diáconos no NT. Quando Paulo escreveu sua Primeira Epístola a Timóteo o ministério dos diáconos já era reconhecido na igreja e as qualificações para este serviço já estavam definidas de forma bem clara (1 Tm 3.8-13). Quando se dirigiu à Igreja em Filipos, Paulo saudou os supervisores e diáconos (Fp 1.1).
Os diáconos eram provados ou testados antes do reconhecimento oficial pelas igrejas. Os requerimentos eram um caráter honesto, fidelidade, monogamia (maridos de uma só mulher), e serem homens que dirigissem os assuntos de suas casas com discrição. Suas esposas deviam ser sóbrias de mente e fiéis. O relacionamento preciso entre presbíteros e diáconos não está claro, mas bispos ou supervisores pastorais são considerados como distintos dos diáconos do final do período apostólico em diante.
Mestres na Bíblia
O ofício e o dom do ensino é mencionado em ambas as listas de Paulo de dons ministeriais para a igreja (ICo 12.28; Ef 4.11). O ministério de ensino se posiciona em terceiro lugar na hierarquia paulina de dons. Nem todos os crentes eram considerados como possuindo este dom (ICo 12.29). Barnabé foi mencionado servindo como mestre antes de ser separado para seu ministério missionário ou apostólico com Paulo (At 13.1-3).
O dom do ensino devia ser recebido com sobriedade e paciência (Rm 12.7); ao que parece, falsos mestres infiltraram-se lentamente nas igrejas (2Pe 2.1; Tt 1.11). Tais indivíduos tinham condições de causar dano ao ministério total da Igreja Primitiva e deviam ser evitados (Tt 3.9-11). Os supervisores ou bispos da Igreja Primitiva deviam ser “mestres aptos” (lTm 3.2). Alguns acreditam que o oficio ou ministério de mestre seja similar ao de catequista da sinagoga, como aqueles que ouviram e questionaram Cristo (Lc 2.41-50). Não é clara a natureza precisa deste dom ministerial no NT.
Apóstolos na Bíblia
Paulo coloca o ofício do apóstolo em primeiro lugar em cada uma de suas listas ou enumerações de ministérios no NT. A qualificação essencial, requerida de um apóstolo era que tivesse visto a Cristo depois de sua ressurreição (At 1.22; ICo 9.1). Após o suicídio de Judas Iscariotes, dois indivíduos, Justos e Matias, possuíam esta qualificação e estavam disponíveis dentre os 120 crentes em Jerusalém. Matias foi escolhido para preencher a vaga. Os doze apóstolos foram ordenados por Cristo para pregar o Evangelho e fazer discípulos (Mt 28.19,20).
A autoridade apostólica era amplamente reconhecida na Igreja Primitiva e o ministério de um apóstolo era apresentado como um dom espiritual (Ef 1.1; 3.7). Apalavra grega para apóstolo significava aquele que servia como um mensageiro ou enviado por outro. No sentido do NT, os apóstolos eram mensageiros especiais ou enviados de Cristo. Eles executavam tarefas como pregação do Evangelho, cura, evangelização em novos campos e organização de igrejas (At 1.8; 2Co 11.28).
Neste último sentido, Paulo referiu a si mesmo, especialmente quando escreveu à Igreja de Corinto (ICo 9.1,2). Isto é, ele considerava que seu direito de ser um apóstolo estava baseado no fato de ter visto o Cristo ressurreto e também no fato de estar plantando a congregação de Corinto, como resultado de seu ministério de pregação. Por isso ele se referiu aos coríntios como o selo de seu apostolado.
No NT o termo apóstolo é usado em dois sentidos diferentes. Primeiramente, o termo é usado para se referir aos doze apóstolos que foram designados por Cristo durante seu ministério terreno. Paulo parecia considerar-se em um plano igual ao dos Doze, embora tenha se referido a si próprio como o menos digno de todos os apóstolos para este alto chamado (ICo 15.9). Os Doze eram reconhecidos como líderes da Igreja Primitiva e Cristo os incluiu em muitas bênçãos especiais prometidas (Mt 19.27-30; Lc 22.28-30). Também foram referidos como vitais na fundação da igreja e receberam promessas de bênçãos de acordo com seus papéis (Ef 2.20; Ap 21.14).
Suas oponiões eram altamente consideradas pelas igrejas e foram instrumentais na escrita das principais porções do NT. Paulo escreveu que estes apóstolos e certos líderes de outras igrejas foram claramente designados para receberem apoio material por seu serviço nas igrejas. Entretanto, ele e Bamabé, embora também fossem considerados apóstolos, se engajaram em trabalho secular por espontânea vontade. Aparentemente nenhuma restrição ea colocada sobre os apóstolos quanto a tais atividades (ICo 9.6-18).
Em segundo lugar, o termo apóstolo foi usado no NT (e também na Didaqyê, embora não citado aqui) para se referir a certos indivíduos como: Bamabé (ICo 9.5,6); Tiago o irmão de Cristo (Gálatas 1.19), e Andrônico e Júnias (Rm 16.7), que não estavam entre os Doze originais. Alguns acreditam que estes “apóstolos” eram indivíduos que foram chamados para executar uma tarefa de lançar os alicerces no período da Igreja Primitiva. Paulo referiu-se a Bamabé com esta visão. E possível que o termo apóstolo, usado neste sentido geral, denote um papel particular que mensageiros especiais, ou apóstolos, tiveram na formação de congregações da Igreja Primitiva (ICo 9.1-18). Apóstolos, possivelmente apóstolos neste segundo sentido do termo, eram testados pelas igrejas locais com vistas a averiguar a validade de suas credenciais (Ap 2.2).
Entretanto, nenhuma menção é feita no NT acerca de um teste específico para os Doze. Além disso, também não há menção de tais apóstolos usufruindo as mesmas honras dadas aos Doze e a Paulo. (Veja referências anteriores, neste artigo, ao livro de Atos e Ap 21.14). Uma vez aceitos pelas igrejas locais, esses apóstolos exerciam liderança espiritual entre as igrejas, juntamente com outros líderes das igrejas locais devidamente designados. Parece que, com freqüência, seus ministérios eram itinerantes por natureza (At 11.22-30).
Fonte
Enciclopédia da Bíblia. Volume II. Merryl C. Tenney.
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